“Cada novo governante chega ou tentará chegar cheio de ideias e reformas - entenda-se: destrói - quase tudo o que o antecedeu sem, necessariamente, aperfeiçoar nada. ”



É muito comum, nos vários níveis de administrações públicas, a adoção de “decisões políticas”. Teoricamente elas são justificadas como necessárias para a obtenção de um “bem público maior”, mas uma análise um pouco mais detida permitirá constatar que, na maioria dos casos, nada mais são do que retórica para acobertar a absoluta falta de conhecimento técnico dos que as adota ou de seus assessores.
O sistema político-administrativo viamonense como o de muitos municípios é responsável, em grande parte, por esse estado de coisas, pois exige pouca responsabilidade legal de seus representantes e mantém organogramas muito susceptíveis às mudanças de governo.
Cada novo governante chega ou tentará chegar cheio de ideias e reformas - entenda-se: destrói - quase tudo o que o antecedeu sem, necessariamente, aperfeiçoar nada. Não adianta deixar o governo com “a sua cara” se essa cara for “feia”, ou seja, se isso desfigurar e desestabilizar as bases de confiança dos munícipes, veja a crise que se instala na sáude em Viamão, para muitos aniquilou este governo, que tem pretenções de seguir adiante.
O aperfeiçoamento é, por princípio, um processo evolutivo e não abortivo! Mas alguns até apreciam o caos e a competição, pois aproveitam deles para reinar, numa interpretação torta de Machiavel. Só que para a falta de conhecimento - também conhecida como ignorância - ainda há remédio, mas para a arrogância, a truculência e a má-intenção não há perdão!
Alheios a isso, alguns políticos e partidos usam e abusam de “decisões políticas”: Fazem benfeitorias num local, mas não em outro, de igual carência. Escolhem um leigo, desqualificado, para ocupar um cargo técnico, sob o pretexto de ser um “bom administrador”. Deixam de investir em macro-projetos e planos diretores sérios e objetivos - sobretudo na área de infra-estrutura - para dedicar recursos físicos e financeiros para obras de importância relativa, mas com visibilidade maior. Valorizam algumas categorias profissionais, entidades e empresas em detrimento de outras de igual importância e competência.
Até hoje só vi uma coisa pior que uma “decisão política” nesses moldes: a indecisão política! Mas ambas decorrem da ignorância, proposital ou não, da prepotência ou do despreparo de maus políticos: fiéis - às vezes, nem tanto, voluntariosos no sentido destrutivo da palavra, mas nem sempre qualificados e imbuídos de espírito público.

 
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