Vale tudo para lucrar mais?


Numa sociedade de consumo, onde tudo e todos são mercadorias e serviços a serem comercializados, o debate sobre mais uma tragédia que entristece o país é feito de forma superficial, não foi diferente nos desmoronamentos de terra na Serra do Rio de janeiro, em Nova Friburgo e municípios vizinhos em 2011, onde morreram mais de 800 pessoas e 400 ainda estão desaparecidas. Poderíamos ainda citar dezenas de outros desmoronamentos como em Angra dos Reis, Morro do Bumba, grandes enchentes como de Blumenau/SC ( 2008), Pernambuco em no inverno de 2010.
Também não seriam de menos lembrar o desastre aéreo em Congonhas com o avião da TAM e por fim os vários desmoronamentos de prédios como o Palace II e há meses atrás no centro do RJ. Todas essas tragédias acrescidas do incêndio do Joelma e agora da boate Kiss em Santa Maria somam milhares de vítimas, e a pergunta é sempre a mesma, porque as regras , as leis e os códigos não foram respeitados.
Quando falo nas leis e nos códigos, me refiro que tem legislações que proíbem construir em Morros, na beira de rios, em cima de lixões, em locais considerados de risco. Locais que aglomeram centenas de pessoas precisam respeitar regras de segurança, códigos urbanos de construção adequados, precisam ser fiscalizados permanentemente, sabemos que em períodos de muita chuva, há a cheia dos rios, mas porque é permitido e autorizado a construção próxima as suas margens, não havendo espaço para o transbordamento.

Volto à afirmação inicial de que se olhando a superfície destes desastres, alguns chamados intencionalmente de naturais, outros de tragédias, onde uma montoeira de causas mais confunde do que esclarece, o que está cada vez ficando mais óbvio para todos, é que vivemos numa sociedade onde vale mais lucrar, ter autos ganhos, dividendos no final do ano, do que seguir as regras de segurança, vale mais permitir o funcionamento de estabelecimentos com sérios problemas via liminares ou alvarás provisórios, vale mais deixar o povo pobre morar em áreas de risco do que vivermos numa sociedade onde os direitos dos cidadãos estão acima do poder econômico, onde as leis estão para serem cumpridas e não derrubadas via liminares ou descumpridas por aqueles que de período em período via nosso voto alugam a sala do ante-poder.
 
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